segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Alegoria

"All I ever wanted, all I ever needed
Is here, in my arms."
Depeche Mode - Enjoy the silence


O grande erro, e só agora eu descobri, foi ter tentado esse tempo todo introjetar na minha cabeça a ideia de que você havia morrido enquanto, na verdade, continuava vivendo e seguindo o mesmo ritmo de antes. Você vivia e de uma maneira torta isso se esfregava na minha cara o tempo todo, sendo, por isso, impossível simular a ausência nos meus dias como uma morte fictícia. Não foi você que morreu em mim, não era isso que deveria ter acontecido e por isso é que não funcionava. Não funcionou. O que morreu foi a relação, o contato ou seja lá qual for o nome que se dá para esse tipo de coisa. Foi por isso que eu chorei. E era essa relação que eu deveria ter enterrado mas eu não sabia. Não achava o sentido. Foi exatamente e excluisivamente ela que morreu. Descobrindo tal fato os silêncios não importam mais, na realidade eles até tornam-se audíveis para que a situação se explique. Passei um tempo razoável achando que poderia reconstruir as coisas, consertar e aceitar os erros que não eram meus. Agora reconheço a impossibilidade: não se pode trazer à vida aquilo que já morreu. O luto não era pela tua ausência, era justamente por aquilo que deixou de existir quando eu não estive por perto.

2 comentários:

  1. eu acho que vc conseguiu tocar numa questão profundíssima que dá muito pano pra manga.


    eu já não me lembro quando foi a última vez que consegui fazer isso.
    gostei.
    é terrível, no bom sentido, mas eu gostei.

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  2. É isso Lud... fico feliz que os cabelos brancos te sirvam para algo! Hohohoho

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