terça-feira, 16 de novembro de 2010

Se Bandeira diz as coisas mais duras com a simplicidade do cotidiano, Drummond, para mim, é a precisão dos sentimentos.

Este poema está no meu top 5 de preferidos do poeta mineiro:

NÃO SE MATE
Carlos Drummond de Andrade

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas, vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor, no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.

2 comentários:

  1. Oi Ludiiiii, sempre te lendo hein, ainda que em silêncio. É sempre bom vir aqui. =)

    bjus

    Thaline do waiting-for.

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  2. É por esses e outros poemas que não não consigo parar de escrever.
    Dê uma passada lá no meu blog. Amei o teu!
    Bjo

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