quarta-feira, 22 de abril de 2009

As vantagens de saber calar

"Le silence a trouvé un pays
Ici on ne fait pas de bruit
On se suspend au temps qui passe
Et on attend que rien ne se passe"
Isabelle Boulay

Acho que uma das coisas mais importantes que eu aprendi nos últimos tempos foi dar valor ao meu silêncio, foi aprender a calar. Eu que achava que as palavras iriam me libertar, descobri, para o bem e para o mal, que minha maior liberdade é o silêncio. Foi me calando que eu consegui me ouvir, que eu consegui entender o que realmente queria. Quando essa minha voz grossa, feia, desmodulada entendeu que não era necessário preencher todos os silêncios que apareciam na minha frente, foi que eu pude perceber que é em silêncio que colocamos a casa em ordem, que é em silêncio que velamos e enterramos nossos mortos, curtimos o nosso luto, gozamos os melhores gozos, dormimos os melhores sonos, nos entregamos às mais maiores paixões, porque só nosso silêncio podemos ser absolutos, inteiros. Em silêncio é que encontramos a porta da saída do inferno, mesmo sem achar a do paraíso. É nesse estado em que o som nos falta que percebemos o quão íntimos somos de alguém, só pessoas verdadeiramente íntimas conseguem suportar o silêncio umas das outras. É em silêncio que alguém vai embora, é em silêncio que rezamos, é em silêncio que beijamos para poder sentir ou outro, é em silêncio que fazemos amor para poder ouvir um gemido baixo, é em silêncio, quando não tem ninguém olhando, que declaramos paixão. E é, também, em silêncio que ficamos quando estamos perdidos em nós mesmos e precisamos achar o caminho de volta; foi no meio desse meu silêncio que eu encontrei uma parte do caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário