segunda-feira, 24 de junho de 2013

Para Gustavo

É a primeira vez que te escrevo, pequeno. Eu que tenho ensaiado formas de dizer aquilo que ainda não sei. Eu que tenho sentido o que jamais pensei. Olho para você e tenho ganas de chorar copiosamente, ainda que eu não saiba o motivo. Teus olhos pequenos, teus dedos longos que agarram minha mão e eu quase suplico para que não solte. Uma vida possível que deixa de ser se você não está. E sou incapaz de supor, menino, o quanto ainda hei de te amar, o quanto ainda você há de crescer em mim. Você que ocupa todos os espaços, teu sorriso pequeno, teus olhos miúdos e o meu mundo cheio de amor. Um amor delicado, com bordas contornadas, tecido do que melhor eu tenho para te oferecer. E cresce. Cresce em mim como a fé nos desesperados do poema de Vinicius. Cresce, cresce negando qualquer lei da física, extrapolando qualquer limite, tendendo ao infinito. E embora cresça assim, sem controle, de modo exponencial, não me dá medo, ao contrário, me conforta. Teus olhos, tua boca sorrindo para mim, seu bracinhos se abrindo, você, meu pequeno rapaz, é onde meu coração resolveu morar.