quarta-feira, 28 de março de 2012

Ah, Pessoa que sabe de tudo, tudo:

"Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada —

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...

E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço,

Íssimo, íssimo, íssimo,

Cansaço..."

domingo, 25 de março de 2012

"It's a very, very mad world, mad world"

"(...) no meio do inferno procurar e saber reconhecer o que não é inferno, fazê-lo durar, dar-lhe espaço".

As Cidades Invisíveis, Italo Calvino.

O último mês passou. Para mim o tempo se travestiu e 31 dias pareceram um ano. Foi pesado, duro, difícil, dolorido. Foi a prova de que o difícil mesmo é tentar fazer tudo do modo correto. Quer ser decente exige muito, que a paz do justos não é tão pacífica assim e nem chega de maneira rápida. Ser honesto é uma conquista, não se deixar corromper, não sucumbir ao mínimo custa muito. E se esse é o preço a se pagar, tudo bem, que venham me cobrar. Os dias têm sido. Apenas isso. Eu conto e risco na folhinha do calendário. Um dia a menos, um dia a mais. E sinto falta, aquela ausência que se faz no meio de tanta presença, sabe? Ausência: aquela presença que significa como disse a Norma uma vez.

Assim, tenho vivido às prestações, aos bocadinhos, um dia de cada vez, esperando que amanhã eu possa segurar na tua mão,sair pra tomar café com você, te olhar sem ter que me precaver com o olhar alheio. Esperando que possa ter o simples, as coisas miúdas que significam tanto e que quando estou ao teu lado significam ainda mais.