sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

You got me
Begging you for mercy
Why won't you release me
You got me
Begging you for mercy
Why won't you release me
I said release me
Duffy - Mercy


O poder de dominar é tentador
Eu já não sinto nada
Sou todo torpor

É tão certo quanto calor do fogo
É tão certo quanto calor do fogo
Eu já não tenho escolha
E participo do seu jogo, eu participo

Não consigo dizer se é bom ou mal
Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá e o que quer que eu faça
Sem você não tem graça

Você sempre surpreende
E eu tento entender
Você nunca se arrepende
Você gosta e sente até prazer

Mas se você me perguntar
Eu digo sim, eu continuo
Porque a chuva não cai
Só sobre mim

Capital Inicial - Fogo

Home!
Hard to know what it is
If you never had one
Home!
I can't say where it is
But I know I'm going
Home!
That's where the hurt is
U2 - Walk on

Your favourite passion
Your favourite game
Your favourite mirror
Your favourite slave
Somou tudo, né?
Depeche mode - In your room

Eu tô resvalando por tudo isso com desvelo técnico como diria Ana C.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

"...e tão dissimulado te espio que nunca me percebes assim, te devassando como se através de cada fiapo, de cada poro, pudesse chegar a esse mais de dentro que me escondes sutil, obstinado, através de histórias como essa, do mar, das velhas tias, das iniciações, dos exílios, das prisões, das cicatrizes, e em tudo que me contas pensando, suponho, que é teu jeito de dar-se a mim, percebo farpado que te escondes ainda mais, como se te contando a mim negasses quase deliberado a possibilidade de te descobrir atrás e além de tudo que me dizes, é por isso que me escondo dessas tuas histórias que me enredam cada vez mais no que não és tu, mas o que foste, tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno, veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar por inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizado do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu, temendo a faca, a pedra, o gume das tuas histórias longas, das tuas memórias tristes, cheias de corredores mofados, donzelas velha trancadas em seus quartos, balcões abertos sobre ruazinhas onde moças solteiras secam o cabelo, exibindo os peitos, tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao longo deste tempo e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites..."

Caio Fernando Abreu - À beira do mar aberto

Exato.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

As coisas acabam.
Mal sabia eu que aquele Natal era o último, que aquela visita era a última, que aquele presente, aquele abraço, aquele sorriso eram, também, os últimos, assim como o convite nunca realizado. E dói. Dói como se fosse hoje, dói como se fosse agora. Dói em mim uma dor de tudo o que já foi e acabou.
Esse final de semana fomos limpar, esvaziar, terminar uma história. Que era minha também, mas que era muito mais de outra pessoa porque, de certa maneira, um pedaço da vida dela tava se desfazendo em caixas e tudo aquilo que um dia também pertenceu a ela já não era mais, era o fechamento de um ciclo. No meio de tudo isso eu achei a vitrolinha que, por incrível que pareça, depois de, pelo menos, trinta anos, ainda funcionava, a música começou a tocar e todos pararam pra ouvir, a casa pareceu cheia, pareceu uma cena de filme, e eu, que não iria levar a vitrolinha, não desgrudei mais dela, daria uma boa história se eu soubesse contar.

Não tem sido fácil, mas tem dias em que é um pouco pior.

"Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio"
Peito vazio* - Cartola/Elton Medeiros

*Na boa, e neste caso dolorida, voz de sempre.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Aí, essa madrugada, enquanto eu jogava rummikub e ouvia música, eu estava pensando, nada grandiloquente (credo, sem trema ¬¬), que a gente leva uma vida meio monótona, com regrinhas, fazer-tudo-igual-todo-dia, porque, no fim, as coisas precisam ser assim, porque é preciso planejar antes de construir; mas na verdade, o que vai MESMO marcar a vida é repentino, é mais ou menos como o aparecimento de uma pessoa que você nem se dava conta, um dia, (clichê mode on) no meio de um monte de pessoas em preto-e-branco ela fica c-o-l-o-r-i-d-a, ou também quando essa pessoa colorida vai embora e volta tudo pro P&B, é isso que fica, é isso que marca. Depois eu lembrei que o Guimarães Rosa escreveu alguma coisa parecida com isso: “Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar”.
Não tem jeito, por mais que eu relute, fique adiando, a vontade de escrever sempre (re)aparece, então está aqui o blog, meu, seu, de quem quiser, ou não. O nome, desde já esclareço, foi tirado do título de um livro, que também nomeia um conto do Caio Fernando Abreu, é o meu livro preferido dele.

: )