terça-feira, 3 de julho de 2012

Fossem os teus olhos a guiar meu caminho e tenho certeza que jamais me perderia. Fôssemos apenas eu e você no mundo e os silêncios não seriam incômodos. A tua mão nas minhas costas seria como uma nuvem encostando na bordinha do céu. Os meus caminhos seriam os teus e eu saberia sempre onde estou.
Mas somos eu, você e o resto do mundo brincando de cabra-cega sem nunca encontrarmo-nos. Eu e você, com um mundo no meio puxando cada qual para um lado. São décadas distintas que nos dividem em dois blocos. União Soviética e Federação Russa. Ou uma guerra fria dentro de mim.
Sou eu nadando no rio gelado do tempo em pleno inverno, tentando chegar a outra margem para te encontrar, e quanto mais bato os braços, menor é a minha capacidade de sair do lugar.

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Te amar é difícil. Têm arestas nas quais eu esbarro e que tiram sangue da minha pele desgastada. Te amar é difícil, complicado e cheio de detalhes como a Rach 3 que eu jamais saberei executar, embora  seja tão bonito quanto. Precisa de mãos grandes, hábeis e muita destreza para tocar nota por nota naquela metade do primeiro movimento. Eu sempre erro tom, eu sempre desafino, e nunca consigo acompanhar a tua melodia. Chego tarde demais. 

Te amo em maiúsculo, menina.