domingo, 26 de abril de 2009

"E in quel silenzio ho detto piano: mi dispiace"

Eu abriria os braços pra te receber, pra sentir teu cheiro de novo, eu abriria, sim, mas eu não sei quanto tempo duraria, não sei. Provavelmente 15 minutos ou meia hora. Não tenho sabido de mim, que dirá dos meus desejos, anseios. A minha única certeza é que sozinha eu só preciso me apoiar em mim. Que se fico enfurecida é a minha mão que eu enfio na parede (como aquele dia em que eu esmurrei a porta) e se machuca alguém, esse alguém sou eu, não é você, nem qualquer outra pessoa. A solidão tem me dado uma coisa que ninguém pode me dar, tem me dado o direito de ser egoísta sem me sentir mal, sem me sentir tão mal. Sabe? A culpa é minha, fui eu me tornei esse dragão, sou eu que não sei continuar. Eu queria que você entendesse o que eu não sei explicar, por isso, dentre as milhares de coisas que eu poderia dizer, direi só uma: mi dispiace tantissimo.
Eu NÃO POSSO, eu não consigo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

As vantagens de saber calar

"Le silence a trouvé un pays
Ici on ne fait pas de bruit
On se suspend au temps qui passe
Et on attend que rien ne se passe"
Isabelle Boulay

Acho que uma das coisas mais importantes que eu aprendi nos últimos tempos foi dar valor ao meu silêncio, foi aprender a calar. Eu que achava que as palavras iriam me libertar, descobri, para o bem e para o mal, que minha maior liberdade é o silêncio. Foi me calando que eu consegui me ouvir, que eu consegui entender o que realmente queria. Quando essa minha voz grossa, feia, desmodulada entendeu que não era necessário preencher todos os silêncios que apareciam na minha frente, foi que eu pude perceber que é em silêncio que colocamos a casa em ordem, que é em silêncio que velamos e enterramos nossos mortos, curtimos o nosso luto, gozamos os melhores gozos, dormimos os melhores sonos, nos entregamos às mais maiores paixões, porque só nosso silêncio podemos ser absolutos, inteiros. Em silêncio é que encontramos a porta da saída do inferno, mesmo sem achar a do paraíso. É nesse estado em que o som nos falta que percebemos o quão íntimos somos de alguém, só pessoas verdadeiramente íntimas conseguem suportar o silêncio umas das outras. É em silêncio que alguém vai embora, é em silêncio que rezamos, é em silêncio que beijamos para poder sentir ou outro, é em silêncio que fazemos amor para poder ouvir um gemido baixo, é em silêncio, quando não tem ninguém olhando, que declaramos paixão. E é, também, em silêncio que ficamos quando estamos perdidos em nós mesmos e precisamos achar o caminho de volta; foi no meio desse meu silêncio que eu encontrei uma parte do caminho.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Je voudrais

"You talk to me as if from a distance
And I reply with impressions chosen
From another time, time, time,
From another time"
Brian Eno

Eu queria te dizer que sim, queria dizer que posso, que confio em mim para seguir daqui, mas a verdade é que não posso,que não confio, a verdade é que machuca tanto, me corta tanto, todo dia, que eu não posso mais, não consigo mais. Eu queria gritar até perder a voz, até perder as cordas vocais, pra tirar de dentro de mim tudo o que corrói. Eu precisaria de umas mil gargantas, de sabe deus quantas cordas vocais e, talvez, nem fosse suficiente. Eu queria tudo de novo outra vez. Eu vejo o filme e choro na cena mais banal, ou melhor, choro até na cena mais banal, não, não é o filme. Eu queria que você soubesse que é egoísmo sim, a dor é minha e não vou dividir, e eu não sei mais dividir. Se é exagero, É O MEU EXAGERO E EU QUERO QUE SEJA ASSIM. Essa é a pior saudade que eu já senti porque é uma saudade indefinida.

O único abraço que eu queria ninguém pode dar.

domingo, 12 de abril de 2009

Só a imagem de um paraíso cada vez mais distante.

sábado, 11 de abril de 2009

Um corpo inteiro

A gente faz o que quiser: um conto, um corpo, um beijo louco na tua mão, entre os teus pés. A gente faz o que eu quiser: a tua boca e um só gosto no nosso corpo. O teu gosto no meu corpo, teu cheiro na minha boca, e assim seguimos rumo ao inferno, ao céu, ao paraíso. A gente faz o que teu corpo diz, numa extrema indecência de ser feliz. E assim a gente se perpassa, se amassa, faz silêncio, se abraça. A gente se confunde e se funde.
Querer você agora já não é desejo, é imposição desse meu corpo tão adicto do teu, já virou condição de existência pro meu coração desajustado, descompassado, despreparado, um frenético, perfeitamente alucinado dos beijos teus. Aquele beijo que encosta na minha alma, que atiça, assanha, acanha e acalma.
Porque ali, quando sou eu em você, quando é você em mim, e a gente já não pode mais se distinguir, a perfeição parece qualquer coisa falha, nem na mais perfeita acepção poderia existir um caso assim.
A gente soma, retoma, reconta. Refaz, aos poucos, a via crucis louca dos nossos corpos, e entrega a alma, e renega a calma. Num gesto súbito, na intenção da tua mão na minha mão o corpo acalma, a voz enlaça, a alma abraça, enquanto eu me vejo mansamente embriagada, completamente apaixonada e pra sempre jogada a teus pés.


Antigo esse meu texto, com algumas alterações.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

[interna minha]
Eu não perdoaria, eu juro que não perdoaria.
[/interna minha]

terça-feira, 7 de abril de 2009

Porque me faz falta.

"Mais je sais qu'il me faut survivre
Et avancer un pas de plus
Pour qu'enfin cesse la dérive
Des moments à jamais perdus"
Isabelle Boulay


Eu sinto que você escapa de mim como areia vazando de um tanque por uma fresta bem pequena, por menor quantidade de areia que saia a velocidade é constante e, aparentemente, rápida. Eu te lembro dentro de mim, mas sinto tanta falta de tocar teu rosto, sinto tanta falta de te abraçar, de quebrar tuas costelinhas.
Você vai embora e eu sei que não posso te segurar, que não posso te apertar, e essa falta de possibilidade me amedronta, me faz tremer, me faz chorar feito criança pequena. A tua voz se recolhe dos meus ouvidos e, até nos meus sonhos a tua imagem é diferente, você escapa de mim e eu não posso dizer adeus. Adio a tua partida enquanto posso, falo bobagens, conto histórias, preencho espaços vazios com coisas mais vazias ainda. Perco a possibilidade de um silêncio que me conforte, de um silêncio que me acolha.
Essa distância que nos é imposta à força parece agravar mais ainda a minha situação. Escrevo para não esquecer, escrevo para não TE esquecer, porque tenho medo de não te lembrar, tenho medo que essa dor passe e que você se torne vaga lembrança no meu pensamento, e acho que é por isso que eu não a deixo ir embora, é por isso que eu falo tanto em você, te penso tanto. Mas você vai embora no meio da conversa, vai embora enquanto tenho coisas para dizer, apesar de eu saber que eu sempre terei coisas para dizer. É que eu não quero dizer adeus dessa maneira, dizer adeus sem, de fato, dizer.
De longe, com sorriso no rosto,você ergue a mão e me acena como quem diz tchau, você foi, um pouco, embora de mim e eu não posso fazer nada, abaixo a cabeça, sento, e espero sem esperança pela próxima vez.
É tão óbvio que já perdeu a graça, o final é sempre igual, poderia ser diferente, ao menos, uma vez.

"Conheces a cabra-cega dos corações miseráveis?"
Ana C.

domingo, 5 de abril de 2009

Porque soldado que já foi ferido se arma três vezes mais para a próxima batalha.


Brega, né?