quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"brincar de eterna apaixonada pelo objeto ausente"
Ana Cristina Cesar in: Correspondência Incompleta


Agora me diz: tem como NÃO amar?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Às vezes a vida é dura demais com alguém que ainda nem nasceu.
Forza. Siamo tutti con te.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sempre mais do mesmo

A vida conta-se inteira,
em letras de conclusão.
Carlos Drummond de Andrade

Faz mais de dez meses que não ouço a tua voz e que o teu cheiro se perdeu entre as paredes frias da casa e as tuas mudas de roupa que já não estão mais lá. Dez meses e os meus sábados nunca mais foram os mesmos. Falta. Há um espaço que coisa alguma conseguiu preencher e temo em segredo que nada, nunca, preencherá.
No alarms and no surprises, please. Voltar ao mesmo lugar depois de tanto tempo foi como reabrir portas que, sem sucesso, procuro esquecer que existem. Rasgou-me, como rasga-me tantas vezes quando eu penso, tal qual Drummond, a falta que ama. Rasgou assim, de ponta a ponta, mais uma vez. Engasguei com o choro que supunha eu estar contido enquanto as lágrimas denunciavam o contrário.
Dez meses e eu ainda quero explicações que ninguém mais pode dar. Não entendo como é possível amar assim. Amar mais. E o ano não termina, não termina, não termina, não termina, não termina. Correr demais também não adianta porque você não está lá. Dia após dia atesto a minha incapacidade de dar-te as costas, por mais que precisemos, todos. Quedo-me, incólume(?), no mesmo lugar dos vinte-e-três, dos vinte-e-quatro. Os vinte-e-quatro que eu nunca quis que existissem, é sempre nos vinte-e-quatro. Quero pular os vinte-e-quatro e fingir que nunca houve, quero pular doismilenove e fingir que nunca houve. Nunca houve. Nunca houve e não termina, não termina.


[É, samba de uma nota só esse blog, desde o primeiro post.]

domingo, 25 de outubro de 2009

"e il naufragar m'è dolce in questo mare".
Leopardi - L'infinito

Eu acho esse tão, tão, tão, tão bonito, e esse verso tão perfeito. E me lembra um pedaço da música da Mariella Nava: "e sarebbe come se tutto questo mare anegasse in me". É poético demais, é uma imagem bonita demais.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Isso daqui (e o "Dinossauro Excelentíssimo", de José Cardoso Pires) é uma das coisas mais inteligentes produzidas na época do Salazarismo:

Ova ortegrafia

Ecidi escrever ortado; poupo assim o rabalho a quem me orta. Orque quem me orta é pago para me ortar. Também é um alariado. Também ofre o usto de ida. Orque a iteratura deve dar sinal da ircunstância, e não não tem ustificação oral. E ais deve ter em conta todos os ofrimentos, esmo e rincipalmente os daqueles ujo rabalho é zelar pela oralidade e ordem ública – os ortadores.
Eu acho que enho andado esavinda omigo e com a grei, com tanta iberdade de estilos e emas e xperimentalismos e rocadilhos que os ríticos e eitores dizem arrocos e os ortadores, pelo im, pelo ão, ortam. A iteratura eve ser uma oisa éria e esponsável. Esta é a minha enúncia ública. (Eço esculpa de esitar nalguns ortes, mas é por pouco calhada neste bom modo de scrita usta ao empo e aos odos).
Izia eu que o ortuguês que ora, nesta ora de rudência e sforço, se não reduz a orma imples, não erve a vera íngua da Pátria. (Por enquanto só orto ao omeço, porque a arte de ortar não é fácil; rometo reinar-me até udo me air aturalmente ortado e ao eio e ao im).
Outros jovens me eguirão o rilho. Odos não eremos emais para ervir na etaguarda os que, em árias frentes, por nós se mputam.
A issão do scritor é dar estemunho e efrigério aos e dos omentos raves da istória, ao erviço dos ideais da sua omunidade; ervir a oz do ovo, espeitar a oz dos overnantes egítimos.
Olegas, em ome da obrevivência da íngua, vos eço pois:
Reinai-vos a ortar-vos uns aos outros omo eu me ortei.


Maria Velho da Costa, Desescrita, Ed. de A., Porto, 1973.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Viver tá custando caro, tá sendo bem dispendioso. Não, não há nada que você ou alguém possa fazer. É tudo isso, tudo isso pra quê? Pra quê, meu deus? Fazemos tudo para nada, para nada. Permanente estado de noia. As pessoas me cansam com suas vidinhas tão medíocres quanto a minha. A minha vidinha medíocre que se despedaça como a minha pele. Hoje eu acordei e percebi que as coisas simplesmente não têm sentido e tudo o que buscamos é sentido. Percebe? Buscamos sentido em coisas que não têm sentido. Dorme, acorda, trabalha, estuda para conseguir reconhecimento de pessoas que também querem reconhecimento. Viver tá me matando, me sufocando, me esgotando. Não quero mais brincar.

domingo, 18 de outubro de 2009

Serviço de (IN)utilidade pública

A quem interessar possa:

Essa que vos escreve estará dia 13/11/2009 às 17 horas [sala 113, mesa 219], suponho que no prédio da FEA que é o único que tá mais arrumadinho, apresentando o famigerado trabalho sobre a Ana Cristina Cesar que vocês já cansaram de ouvir. Ficarei feliz se vocês aparecerem por lá para que possam me ouvir pela última vez e fazer volume para me ver gaguejar quando a Betina me perguntar algo! :D

Segue o link http://www.usp.br/siicusp/17siicusp/poster.htm#

beijosevãomever.
E no fim do domingo...

. É incrível que o Palmeiras ainda seja líder desse campeonatozinho, os outros conseguem ser mais incompetentes que nós.
. Rubinho também só zifodeu, coitado.
. Sem Saramago pra mim hoje. :/
. Bos notícias para o ano que vem e isso faz com que o aborrecimento pelos outros fatos seja menor. :D
[Post desnecessário]

É domingo e eu quero:

. Acabar de catalogar meus livros, 106 até agora. :D
. Ir à Saraiva comprar "Caim", o livro novo do MAIOR ESCRITOR português (hohoho), Saramago. - Comentário evidentemente provocativo
. Arrumar a minha pequena, mas já grande, coleção de carrinhos!
. Ver a corrida e esperar que o Rubinho chegue em primeiro.
. Assistir ao jogo do Palmeiras e vê-lo dar mais uma crescidinha na tabela.
. Agradecer ao Clube Atlético Mineiro que tem exercido bem a sua função ao ganhar do São Paulo em prol do Alviverde imponente. Obrigada, Atleticanos! :P

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Luvas de pelica

Agora pouco quando entrei no elevador senti o teu perfume, sim, o teu mesmo, justo eu que quase nunca sinto cheiros. Era o teu perfume e eu tinha me esquecido como ele é bom, você me disse o nome uma vez e me deu uma baita raiva por não lembrar, continuo sem lembrar, só lembro do cheiro na minha jaqueta. Você e a vizinha tem o mesmo gosto para perfumes.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

C' è che ho freddo e non mi copro
C' è che tanto prima o dopo
Convincendoti ci crederai
Ci crederai che fa più caldo
Da quando non mi hai ormai più accanto
E forse è meglio
perché sorridi un pò di più
Tiziano Ferro - Ed ero contentíssimo


Na fotografia você sorri para mim, para mim. No entanto não é para mim que você a mostra, não é junto da minha que você a coloca. As canções são as mesmas. O mesmo trecho do romance. Será que não percebe? Eu não sei, de nós, quem tem o orgulho mais ferido. Essa briguinha de cão e gato que não nos faz progredir e também não nos faz voltar ao passado. Eu tento me convencer que se você sorri no final do dia tudo bem, é melhor assim, mas meu altruísmo é tão falho, tão torto. A gente sempre quer quando esgota, esse é o fato. Por mim você poderia me ligar às 5 da manhã me falando tudo de novo, sempre. Mas não é assim, nunca é. São 8 da manhã e eu tô praticando o desapego.


[Posts cretinos e cheios de clichês a vista. Fica o aviso.]

terça-feira, 13 de outubro de 2009

É preciso abrir a mão e deixar que você se vá. Deixar você ir sem remorsos, sem dores, ou pedidos de recomeço. Ir sem esperar por uma volta. Fechar a porta, guardar toda a história numa caixa no fundo do armário e deixar o tempo cumprir o seu papel. Se despertencer. Despertencer. As pessoas não são nossas, tampouco a vida delas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

So little time, try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name

But everybody's changing and I don't feel the same

You're gone from here
Soon you will disappear
Fading into beautiful light
'Cause everybody's changing
And I don't feel right

Keane - Eeverybody's changing

domingo, 4 de outubro de 2009

Analogia recorrente

Sorvete de uva derretendo
entre os meus lábios,
em pleno sol do meio-dia.
Derretendo.
No sol.
Em mim.
Na boca.
Em mim.
Na boca.
No sol.
Na boca.
No sol.
Em mim.
Derretendo.
Em mim.
Você.
Derretendo.
Você.
Na boca.
Derretendo.
Você.
Em mim.


CRETINÍSSIIIIIIIIIIIMO.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Coração leviano

Mal te conheço
e já te quero pra mim.
"Se alguém tocar seu corpo como eu
Não diga nada, não vá dizer meu nome sem querer a pessoa errada"

Roberto Carlos - Detalhes