sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sexta-feira da paixão

Alguns estão dormindo de tarde,
outros subiram para Petrópolis como meninos tristes.
Vou bater à porta do meu amigo,
que tem uma pequena mulher que sorri muito e fala
pouco, como uma japonesa.
Chego meio prosa, sombras no rosto.
Não tenho muitas palavras como pensei.
"Coisa ínfima, quero ficar perto de ti".
Te levo para a avenida Atlântica beber de tarde
e digo: está lindo, mas não sei ser engraçada.
" A crueldade é seu diadema..."
O meu embaraço te deseja, quem não vê?
Consolatriz cheia das vontades.
Caixa de areia com estrelas de papel.
Balanço, muito devagar.
Olhos desencontrados: e se eu disser, te adoro,
e te raptar não sei como dessa aflição de março,
bem que aproveitando maus bocados para sair do
esconderijo num relance?
Conheces a cabra-cega dos corações miseráveis?
Beware: esta compaixão é
paixão.
Ana Crisitna Cesar

Porque eu fico imaginando, com um certo pesar, é verdade, como deveria ser lindo a Ana Cristina recitando esse poema. Com aquele ar de musa que faz Armando Freitas Filho chorar até hoje (!!!).
É o meu poema preferido desde quando, em São José dos Campos, peguei pela primeira vez o "A teus pés" e li, numa tarde de julho ou abril.
Hoje ele me cabe redondinho aqui.

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