quinta-feira, 15 de abril de 2010

É medo...

Sabe, eu também tenho medo quando tudo fica escuro e não tem ninguém para segurar minha mão. Medo quando faço silêncio e ainda há tanto para dizer. Medo de nunca poder dizer. Medo de dizer. Medo de mim quando a vida dói e eu já não sei mais pensar. Medo de querer dizer e a língua travar. Medo de nunca mais te ver. Eu sinto medo quando não tenho mais os teus pés para me guiar. E quando a tua imagem é apenas uma grande mancha desfocada bem distante de mim, você sabe, eu tenho medo. De me perder. De nunca mais me encontrar. Te encontrar. Tenho medo de perder o jogo que não sei jogar. Nunca aprendi. Perdi. Tenho medo de não saber responder o que mais gosto em você. O que deixei de gostar. Medo que nunca saiba o que é isso. E que tudo isso não passe, embora eu saiba que vai, é medo. E quando a minha voz falha e você me vê chorar, sabe? Eu tenho medo que você não saiba me abraçar e dizer que está tudo bem. Tenho medo como as crianças que não têm mãe para acolhe-las depois do pesadelo. Tenho medo das mentiras que foram feitas para não me machucar e machucam. E das verdades que nunca vou alcançar. E quando o nó não desata da garganta e a voz parece sumir, tenho medo que isso seja condição permanente. É muito medo para alguém que parece não ter nenhum. Pareço? Tenho medo de olhar pela janela e não encontrar. Eu não vou encontrar. A terceira janela para sempre fechada. Dá-me medo. É triste, consegue perceber? Tenho medo desses dias escuros. Tenho medo de mim. E de você também. E de janelas do sétimo, terceiro, quinto andar, medo também. Medo de nunca saber perdoar. De nunca ter perdão. Dos dois lados da moeda. É medo demais para um dia só, para uma vida só.





"E ringrazio sempre chi sa piangere
di notte alla mia età.
E vita mia che mi hai dato tanto
amore, gioia, dolore, tutto.
Ma grazie a chi sa sempre perdonare
sulla porta alla mia età."

Tiziano Ferro - Alla mia età

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