terça-feira, 3 de agosto de 2010

Day 14

Subvertendo a ordem das cartas, a primeira será a úlitma.

M.,

não é a primeira vez que te escrevo mas acredito que seja a última. É difícil falar e brigar com o silêncio alheio. Falar para nunca ouvir. A nossa distância já se tornou condição permantente e talvez seja melhor não lutar contra isso, deve haver algum motivo e não é o momento de questionar. A verdade é que já me incomodou muito mais o fato de não ter você por perto, nem que fosse por e-mail, ou no boteco de sempre. Eu lamento muito: a distância, tudo o que deu errado sem nem principiar, tudo que foi e que gostaria que não tivesse sido. Mas todas essas coisas, as coisas em que você não quis acreditar, as outras com as quais eu não soube lidar, tudo que de alguma maneira me sufocou, todo o jogo de perdas e ganhos, perdas e danos, não quero mais carregar em mim. Os filmes, Depeche mode e a sensação de que estarei sempre hanging on your words, ainda que você não acredite, ainda que nunca saiba o que é isso. Como eu também continuo sem saber o porquê de ser você e desse sentimento crescer em PG ou de alguma outra forma matemática similar que não domino. Alguma coisa mudou na ordem mundana (ou na ordem do meu mundo) naquela noite de outubro, você foi o pouquinho de saúde, o descanso na loucura, e eu faria de novo, faria. Mas agora é o momento de parar. Sinto tua falta. O Silêncio consumiu qualquer tipo de expectativa e tudo o que quero guardar são pedaços de coisas boas que tive. As coisas que fui obrigada a aprender, o que pude escrever, os lugares que ficaram mais coloridos com você por perto. Não quero mais perder o olhar na porta esperando você aparecer. Não quero mais o coração na boca. Não quero mais esperar por coisas que não se esperam. Eu recomeçaria, mas parece que perdemos o fio da meada em algum lugar e não sei se ainda é possível voltar atrás. Eu esperei por muito tempo as respostas e hoje sei que não são elas que colocam o ponto final nas coisas. Talvez, um dia, eu consiga voltar e guardar as coisas sem me machucar. Ainda não tenho certeza.


Um beijo, cuide-se bem,

L.

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