domingo, 26 de setembro de 2010

"Throw me a rope"

AVISO: Clichês. Muitos.

Tem sido complicado falar de mim ou me situar em algum lugar. Mais difícil ainda é saber que ponto ocupo eu nesse espaço que não é nem teu, nem meu e que, no entanto, engloba-nos. Fui me dando conta desde o início, fui me dando corda e agora estou aqui, pronta para puxá-la e me enforcar. Pular do precipício. Ou fazer o mais difícil: andar para trás, tirar a corda do pesçoco, e encontrar outro caminho. Já conheço esse final, já me atirei incontáveis vezes. Agora cansei de morrer. De começar de novo. Cansei deste medo idiota que me prende, que me atropela. Fica um silêncio aqui. Nesse blog, nessa vida, uma vontade louca de escrever e todas as palavras se recusando a sair. Todas presas em algum lugar entre o peito que aperta, o estômago que gela, e a cabeça que ferve. E eu achando que sei criar muros. Todos de papel. Desabam na menor brisa e depois falta-me tempo para erguê-los novamente. Um desejo insano de sumir no mundo. De te pegar pelo braço e ir embora. Mas eu tô sozinha, sabe? E dessa vez eu quero me sustentar sozinha, porque foi bem difícil levantar da última vez. Ainda não é a hora de dar a cara a tapa e se eu posso parar é melhor fazê-lo agora. Às vezes a gente se engana, em outras a gente se deixa enganar.

Não querida, não é preciso correr assim do que
vivemos. O espaço arde. O perigo de viver.

Não, esta palavra.
O encarcerado só sabe que não vai morrer,
pinta as paredes da cela.
Deixa rastros possíveis, naquele curto espaço.
E se entala.
Estalam as tábuas do chão, o piso rompe, e todo sinal é uma
profecia.
Ou um acaso de que se escapa incólume, a cada minuto.
Este é meu testemunho.

Ana Cristina Cesar, In: Inéditos e Dispersos



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