domingo, 6 de setembro de 2009

C'est la vie!

Juravam que, das três, seria eu a primeira a casar. Talvez pelos anos de relacionamento, ou, ainda, pelo fato do namorado ser o partidão perfeito que ninguém deixa escapar. Eu deixei. E depois a vida, sacana como só ela, é que escapou ele. Deveria ser proibido a gente perder o nosso primeiro (e grande, porque é sempre assim) amor.
Diziam também que ela não casaria, ou que seria a última. Mas ela foi, a cada dia, levando uma mudinha de roupa, depois buscou a cachorra, começou a pedir receitas para minha mãe e, quando a gente se deu conta, já tava lá, casada. E o meu apartamentozinho tão pequeno começou a ficar grande demais, com grandes silêncios durante a semana que só são quebrados pelo miado do meu gato, dolorido de saudade segundo a veterinária.
Eu que sempre quis um quarto SÓ para mim começo a perceber que dentro em breve vou ter uma casa só para mim e a idéia me assusta, me apavora. A vida é irônica e faz questão de ser. Contra todas as expectativas, eu, que seria primeira a ser desposada, serei a última a sair da casa que a mamãe comprou. A outra procura por apartamentos próximos, talvez tenha ela o mesmo medo que eu, contudo essa mudança não há de tardar.
A vida dá medo quando se mostra para nós do jeito que ela é: sem roupa e maquiagem. Eu não queria me dar conta mas é isso aí: crescemos. Os primos pouco se encontram, pouco sabem uns dos outros; a família vai criando outras famílias e eu achando que 1985 foi ontem. Foi não. Foi não.
Penso que ainda quero meu apartamentozinho em Moema (ou nos arredores da Paulista, numa ruazinha tranquila e arborizada, naquele padrão burguesinho que muita gente acha ridículo. Eu sou ridícula, caros. Ainda quero minha varandinha para tomar café e ler jornal. Ainda quero um a cadeirazinha no DTLLC da USP, ou então, num mundo mais feliz e agraciado ainda, aquele empregozinho em Brasília. Quero sim e quero muito, minha gente. A diferença é que, contrariando a todas as pessoas que um dia pensaram que seria eu a primeira a casar, eu quero sozinha.

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